Papos de Segunda

Dia das mães e os exemplos que recebemos

Quero dedicar o texto de hoje às mães e também a todos os pais que precisaram assumir essa função em suas famílias e aqui também estendo a todos independente da sua orientação sexual ou situação familiar porque acredito que pai e mãe é sim quem cria.  Bem… quero contar aqui como minha relação com minha mãe e minha avó materna construíram meus estudos e como essa relação ainda contribui nessa jornada.

Antes de começar quero propor uma atividade para que você possa desenvolver com sua família. Ano passado, também no dia das mães, elaboramos nossa árvore genealógica materna e paterna e foi muito interessante ajudar meus pais a relembrarem de suas raízes, conhecer detalhes que não conhecia e até reconhecer padrões profissionais e comportamentais que hoje estão presentes na minha vida. Gostei muito da experiência e espero um dia ter acesso a mais dados além dos 200 anos que reuni em poucas horas naquele domingo.

Percebi que venho de uma linhagem de mulheres fortes, de uma família grande marcada por muito trabalho, várias raças e origens, adoções e infelizmente eu tive pouca vivência com minha família paterna, da qual muitos membros ainda não conheço. Mas posso dizer que toda minha base de percepções sobre o que é uma avó vieram da minha avó materna, a única que tive contato e participou da minha vida. Minha avó materna criou seus 6 filhos sozinha e é a mulher mais importante que eu tenha conhecido até hoje. Era uma mulher simples, sem estudos, era alfabetizada, com gênio forte, possuía muitos valores e não se desviava deles, era vaidosa e sempre esteve presente em todos os momentos da minha vida. Era o tipo de avó que gostava de reunir toda a família e de fato sem ela a família perdeu um pouco de sua essência. Não é de se admirar que adotei tantos valores semelhantes.

Minha avó materna sempre me estimulou que eu continuasse meus estudos independente de qualquer coisa. E a ela eu sempre dedico todo o trabalho que é feito aqui no Momento de Estudar. Lembro da reação dela quando fui aprovada no vestibular, quando tirei habilitação para dirigir, lembro dela me consolando quando eu era criança e chorava porque queria mais irmãos. Ela faleceu quando eu estava no meio da faculdade mas ainda lembro do nosso último contato onde ela pareceu se despedir de mim e pediu que eu nunca deixasse de estudar. Os estudos eram para ela o bem mais valioso e ela sempre dizia que deveria ser prioridade principalmente para as mulheres que assim como ela deixaram de buscar qualquer evolução profissional para cuidar da casa e de sua família. Segundo ela os estudos abririam portas melhores tanto na minha vida como de todas as netas. E assim tem sido.

Todo esse discurso produziu uma orientação muito forte em minha vida. Como eu disse, minha avó teve 6 filhos e precisou trabalhar muito para criar essas crianças e por ser de família pobre não teve oportunidade de estudar e minha mãe também não teve oportunidade de desenvolver seus estudos. Minha mãe não concluiu o Ensino Fundamental, é alfabetizada mas assim como tantos no nosso país ela precisou abandonar os estudos ainda muito nova para que pudesse trabalhar e ajudar no sustento da família. E mesmo sem estudar minha mãe sempre alimentou uma grande paixão pela leitura. E é aqui que vou direcionar esse texto de hoje.

Minha mãe sempre estimulou que meu irmão e eu aproveitássemos todas as oportunidades nos estudos. Desde muito novos ela nos estimulou a leitura comprando pequenos livros e gibis usados, já que não tínhamos uma situação financeira tão favorável. Ela abdicou de sua vida profissional para cuidar da casa e de nós filhos (somos três filhos sendo o mais velho natimorto). E por um tempo ela também abandonou a leitura em nosso favor seja ajudando nos nossos deveres de casa, nós levando para atividades extra escolares e aproveitando todo dinheiro (que era pouco) para nossa educação. E graças a muitos esforços as coisas foram mudando e nos últimos anos ela redescobriu o prazer da leitura comprando livros.

Durante essa pandemia foi difícil a adaptação de todos nós seja pela ansiedade, seja pelo tédio que o tempo livre provocou, mas posso dizer que a leitura da minha mãe reacendeu minha relação com os livros. Eu sempre li muito, mas minhas leituras sempre foram mais voltadas para algum estudo objetivo e pontual. Eu sempre achei lindo quem conseguia ler vários livros e hoje existe a possibilidade de participar dos clube dos livros que surgiram aos montes. Eu sempre comprava livros, começava a ler mas não tinha constância. Sempre que a história ficava “chata” eu abandonava a leitura. E isso aconteceu aos montes, tenho vários livros abandonados no meu armário.

Bem… em março de 2021 minha mãe se queixou que os livros dela estava tomando muito espaço no armário e sugeri que ela começasse a ler por tablet. Eu queria trocar de tablet e ela poderia ficar com o meu. Mas ela ainda possui muita dificuldade com aparelhos tecnológicos (normal para sua geração) e o tablet parecia um limite para ela. Foi ai que tive a ideia do Kindle e cheguei a perguntar no Instagram @momentodeestudar o que vocês achavam de kindle para idosos, se o manuseio era fácil, fiz muitas pesquisas e decidi que ela poderia conseguir. Compramos o Kindle para ela como presente de aniversário. E para nossa surpresa ela se adaptou muito rápido, gostou da ideia de ter os livros em um só local, do aparelho favorecer com iluminação ajudando a ler em ambientes não iluminados, que a bateria dura mais que o do celular, que não possui muitos botões ou comandos. Foi um sucesso.  E ela continua me surpreendendo com a velocidade de leitura. Apesar de não ter estudo, ter dificuldade com a escrita por se sentir envergonhada por algumas vezes achar que escreve errado, ela tem uma leitura muito rápida, entende tudo e guarda a história na memória por muitos anos. Você pode perguntar a ela sobre qualquer livro que ela tenha lido até hoje e ela consegue reproduzir a história e além de tudo já descobriu um autor predileto que é o Nicholas Sparks.

E talvez você esteja pensando, ahhh mas o que isso tem a ver com esse blog? E eu te respondo tudo! A partir desse exemplo que minha mãe tem me mostrado diariamente eu criei coragem de voltar a ler meus livros que eu posto no instagram @reiseliane2. Possuímos gostos diferentes pois prefiro livros sobre desenvolvimento pessoal ou espiritualidade. Mas entender que o livro não possui partes chatas, que todos os trechos são construções de uma narrativa, que após uma parte que talvez não me agrade tanto posso ser surpreendida por um ótimo trecho me ajudou a conseguir dar prosseguimento as minhas leituras. Em 2021 estipulei a meta de separar ao menos 30 minutos por dia para leitura de livros que eu queira ler diferente da leitura que sou obrigada por motivos profissionais e o resultado foi que a leitura voltou a ser um hábito para mim.

A partir da experiência que tive com minha avó materna entendi a importância dos estudos para minha vida, para vida de todos principalmente para as mulheres que já possuem uma trajetória tão difícil, seja pelo excesso de jornada de trabalho, por ter que muitas vezes criar seus filhos e construir suas famílias sozinhas, por terem oportunidades profissionais que muitas vezes apresenta um salário menor, por sofrerem abusos de tantas formas e sermos discriminadas em tantos atos e discursos vindos de tantas áreas da nossa sociedade. Minha avó me passou todos esses valores que carrego comigo hoje. E minha mãe reforçou a importância dos estudos e me mostrou com seus exemplos que a leitura pode contribuir com minha vida de tantas formas e nessa pandemia foi uma companhia para a solidão e ansiedade que surgiu em alguns dias.

Acreditar que a educação muda vidas e a importância da leitura fazem parte de mim pelo exemplo que recebi em casa e tento reproduzir por onde quer que eu vá, seja na minha vida, seja quando converso com minhas amigas e alunas que as vezes me confidenciam tantas dificuldades. Se você é mãe ou uma mulher ainda em construção como eu, entenda que os exemplos que você pode deixar para o mundo não farão diferença apenas na sua vida. Seus atos podem ser exemplos para todos ao seu redor. Sei que muitas vezes nos esquecemos desses detalhes. Se você olhar ao seu redor verá vários pequenos atos que são exemplos para todos da sua comunidade. Seja também um exemplo! Um exemplo quando você, entre suas tantas jornadas, precisa ainda separar uma parte do seu dia para estudar. Um exemplo quando você acredita que pode conquistar uma vida melhor. Um exemplo quando você deixa de jogar um lixo na rua e guarda até a lata mais próxima. Um exemplo quando após uma “certa” idade você volta para a faculdade ou para o Ensino Fundamental ou Médio. Um exemplo quando você ajuda uma pessoa necessitada. Um exemplo quando você decide escutar um idoso ou resolve ligar para seus avós ou alguém com quem você não fala a algum tempo. E aqui não existem limites para a quantidade de bons exemplos que vemos todos os dias mas as vezes estamos tão acostumados a enxergar apenas o que é ruim que nos esquecemos dos bons.

Se você for mãe, parabéns não só pelo seu dia de hoje, mas por todos os dias. Eu não sou mãe, mas se eu pudesse deixar um conselho iria te sugerir que você fosse um exemplo para seus filhos, sobrinhos e talvez netos. Pode ter certeza que eles vão carregar essas sementinhas para todo o sempre.

E claro que meu pai também é muito importante quando o assunto é educação e me passou valores valiosos mas dele eu herdei mais o meu lado empreendedor e um dia eu venho aqui para falar sobre isso.

Feliz mês das mães!
Abraços!

Eliane Reis







Eliane Reis

Fundadora do Momento de Estudar. Bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade Federal de Uberlândia. Servidora Público Federal como Técnico Administrativo em Educação. Especialista em Gestão de Negócios e Marketing. Professora desde 2016. Acredita que a educação muda vidas.

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