Precisamos falar sobre procrastinação
Todos nós já tivemos oportunidade de escolher entre fazer uma determinada atividade agora ou deixar para depois. A verdade é que ninguém tem vontade absoluta de sair da zona de conforto todos os dias. Nosso cérebro sempre vai nos propor “soluções” que gastem menos energia possível. E cabe a nós colocar na “balança” as opções entendendo de forma lógica os prós e contras mediante nossas metas e onde queremos chegar.
E daí surge a PROCRASTINAÇÃO, quando você aceita a sugestão que seu cérebro te dá sobre qualquer assunto com objetivo de poupar energia. E quando você “escolhe” poupar energia e não fazer algo ou deixar para depois você está procrastinando. O objetivo do nosso cérebro é apenas te convencer de que o esforço para realizar determinada atividade será doloroso e que não vale a pena fazer agora.
Entre as causas da procrastinação existem inúmeras razões que podem surgir desde a infância, mas não quer dizer que não podemos mudar nossa realidade já na fase adulta. Um dos motivos porque acabou se tornando um assunto atual e recorrente é o uso das redes sociais que muitas vezes desestimula nossas ações, pois vemos as pessoas praticando diversas coisas, postando seus feitos e ao vermos tantas ações dos outros “achamos” que alguém está muito disposto para praticar o que foi exposto e pensamos “deve ser muito fácil para ele/ela” e automaticamente vem a nossa mente que “isso não é possível para mim” ou “eu não nasci para isso”.
Entretanto a única diferença entre quem está vendo as postagens e quem está praticando algo é que essa última escolheu praticar baseado nas metas e ideações que ela tem para a sua vida no presente e futuro. E isso não quer dizer que ela não teve vontade de NÃO fazer o que foi postado, mas quando a vontade de procrastinar veio ela ativou a opção de escolhas, verificou os prós e contras e escolheu continuar com seu projeto para alcançar seus objetivos. Claro que isso não se aplica somente a quem posta algo nas redes sociais, mas no contexto atual é muito fácil vermos comentários de alguém que fica impressionado com as múltiplas tarefas diárias de algum praticante.
Isso também não quer dizer que a pessoa que escolheu fazer algo não tenha tido “tentações” diárias de, por exemplo, “furar” a dieta com um bolo de chocolate. Ela continua gostando de bolo de chocolate, mas sabe que se escolher comer o bolo agora talvez esteja sacrificando vários esforços que ela já fez no sentido de manter sua dieta. E ela aceita sacrificar um prazer momentâneo por um prazer futuro ou duradouro.
E é esse prazer momentâneo que mais atinge nossa geração. Somos bombardeados com uma enorme quantidade de estímulos que nos traz prazeres momentâneos a todo instante como quantidade de curtidas em uma foto, pedir comida e saber que chegará a poucos minutos, pedir um carro e não ter a responsabilidade de dirigir e estacionar, vídeo games que contribuem para fuga da realidade… Tudo isso reforça nosso sistema de recompensas a buscar prazeres instantâneos e aquilo que deveria ser construído agora não é mais prazeroso “porque vai demorar demais”.
Conforme insistimos em fazer escolhas que façam sentido para que atinjamos nossas metas e que nós proporcione benefícios mensuráveis conseguimos acostumar nosso cérebro para que ele assimile essas novas escolhas como novos hábitos. E assim essa nova prática se transforma em HÁBITO.
Uma vez que esse Hábito é estabelecido em nossas vidas ficará menos difícil continuar fazendo escolhas diariamente. Porque nosso sistema de recompensas será ativado positivamente a favor das nossas metas. E passamos a sentir prazer em colocar nossos projetos em prática. Tudo que eu disse aqui vale para qualquer projeto que você deseje transformar em um hábito. Seja estudar, praticar atividade física, fazer dieta e ter hábitos saudáveis, aprender a dirigir ou uma nova língua, aprender a cozinhar ou tocar um instrumento, ler, meditar, começar um projeto profissional… E também TERMINAR o que você já começou.
Tudo que fazemos ou deixamos de fazer existe em nós uma causa e uma consequência. E nós precisamos aprender a pensar nas consequências antes de fazermos escolhas. Se escolhemos ter uma barriga tanquinho vamos ter que nos comprometer com novos hábitos que nos tragam a consequência de um corpo diferente no futuro. Se escolhemos aprender uma nova língua vamos ter menos tempo para assistir seriados, mas teremos como consequência a possibilidade de poder viajar, aprender e vivenciar novas culturas. Se escolhemos poupar dinheiro para comprar um carro novo vamos precisar deixar de gastar com “blusinhas” visando nosso conforto no futuro. Ao fazer escolhas deixamos de usar nosso tempo com outra coisa, estabelecendo prioridades e ao persistir na prática estabelecemos novos hábitos deixando de lado o prazer instantâneo visando atingir nossas metas no futuro.
Sobre estabelecer metas vamos falar em outra oportunidade. Espero que esse texto te ajude a refletir sobre a procrastinação e te ajude a identificar no seu dia a dia os gatilhos que te convidam a deixar seus projetos para depois. Evitar a procrastinação será sempre um desafio diário, mas não é impossível que você consiga estabelecer novos hábitos, evitar a procrastinação e ter uma nova vida.
Acredite que você é capaz!
Eliane Reis